O mercado local acompanha o comportamento das bolsas americanas, que ganham impulso hoje pela alta do petróleo e pela expectativa da ata do Federal Reserve (Fed, banco central dos Estados Unidos). A B3 funciona normalmente hoje, dia em que foi decretado feriado na cidade de São Paulo. Apesar do panorama positivo no início do pregão, pesam contra o mercado acionário as incertezas na política nacional.
O Ibovespa, principal índice acionário da Bolsa, operava em alta logo na abertura dos negócios, com destaque para as varejistas em meio a informações de que várias companhias receberam decisões favoráveis na Justiça a respeito de créditos fiscais.
Ontem, a Cia Hering informou que obteve vitória judicial em ação envolvendo créditos tributários pela exclusão do ICMS sobre a base de cálculo do PIS e da Cofins. Ao todo, o valor a reaver é de R$ 279,3 milhões e diz respeito a competências entre 2002 e 2017.
Trata-se da terceira decisão favorável em matéria do gênero para uma varejista do Ibovespa apenas nesta semana. A Lojas Renner teve reconhecido o direito a crédito tributário de R$ 1,357 bilhão, e anunciou a decisão na segunda-feira. A Via Varejo informou ao mercado que a Justiça reconheceu R$ 357 milhões em créditos fiscais. As ações das duas companhias subiram no pregão de ontem.
Petrobras
O mercado segue prestando atenção a notícias sobre a venda de ativos pela Petrobras. Segundo a diretora de Refino e Gás Natural da estatal, Anelise Lara, apesar da crise no setor de petróleo, o interesse de empresas na venda das refinarias da estatal continua. A executiva reafirmou que a venda teve que ser postergada pelas condições de mercado, mas que será retomada quando a crise passar.
No mercado de derivados de petróleo, Anelise estimou que o consumo deve retomar os níveis pré-Covid apenas no quarto trimestre deste ano. Ela afirmou que no final de abril, o diesel operava 25% abaixo dos níveis vistos antes, após queda de 50% na demanda no início da crise. Já a gasolina, que também caiu expressivamente, no final de abril registrou patamares de queda entre 25 e 30%.
Bancos
Com a crise deflagrada pela pandemia, o Congresso passou a ter uma série de projetos que afetam diretamente os bancos. Até agora, já são ao menos 336 propostas, conforme levantamento feito pelo Broadcast. Embora de caráter temporário, as medidas vão do tabelamento de juros do cheque especial ao aumento de impostos para o setor.
Originadas tanto no Senado, quanto na Câmara dos Deputados, as propostas se proliferaram com o efeito econômico da pandemia. As críticas vindas de diversos setores sobre a dificuldade de acesso ao crédito ajudam a explicar o arsenal de medidas.
Por falar em bancos, o Banco Inter teve prejuízo de R$ 8,44 milhões no primeiro trimestre, revertendo o lucro apurado nos primeiros três meses de 2019. Em um ano, o total de ativos do banco cresceu 75,8%, para R$ 10,452 bilhões.
No mercado de câmbio, o dólar desacelerava a queda em meio à notícia que o Ministério da Saúde divulgou novo protocolo de uso da cloroquina contra Covid-19, desde os primeiros sinais da doença, contrariando orientações das autoridades médica e científica ao redor do mundo. O dólar à vista operava na casa dos R$ 5,7438, com queda de 0,22% sobre o Real.
Ainda no campo político, além da falta de entendimento entre o governo federal e estatuais, o mercado local continua acompanhando os efeitos do coronavírus no Brasil. Passados quase três meses desde o primeiro caso confirmado e pouco mais de dois meses desde que foi registrada a primeira morte em decorrência da doença, foi alcançada a marca de mais de mil mortes em 24 horas. Enquanto isso, ninguém assumiu o Ministério da Saúde ainda, mas o ministro interino Eduardo Pazuello nomeou nove militares para postos de assessoramento, coordenação e diretorias da Pasta.
Na agenda econômica, tem a sondagem industrial de abril da Confederação Nacional da Indústria (CNI).