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Termômetro do Mercado: Guedes, agenda fiscal e Magalu dividem atenções

O clima nos mercados locais ficou pesado na véspera, com o aumento dos comentários sobre a saída do ministro da Economia, Paulo Guedes, e preocupações sobre o futuro da agenda fiscal e liberal do governo. No entanto, o presidente Jair Bolsonaro negou ao jornalista Leandro Magalhães (CNN Brasil) a saída do ministro. “Nunca foi cogitada.” Segundo ele, Guedes é aliado de primeira hora do mandatário. O repórter conversou com o presidente na porta do Palácio da Alvorada.

Antes, após encontro com o presidente, Guedes também foi questionado se estaria firme no governo. “Tivemos uma excelente conversa com presidente Bolsonaro. Existe muita confiança do presidente em mim e minha no presidente. Não tive nenhum ato que me sugerisse que não devesse confiar no presidente e não faltei em nenhum momento com a confiança que o presidente depositou em mim”, declarou Guedes.

O assunto divide espaço hoje com mais uma rodada de balanços trimestrais, com destaque para Magazine Luiza. A companhia realiza teleconferência com investidores hoje, às 11 horas.

A varejista informou ontem à noite que registrou prejuízo líquido de R$ 64,5 milhões no segundo trimestre, revertendo o lucro de R$ 386,6 milhões, em função, principalmente, do fechamento temporário das lojas físicas por conta da pandemia de Covid-19.

Segundo a Magalu, o resultado em abril foi bastante prejudicado pelas lojas fechadas, mas em maio houve aceleração das vendas pela internet e reabertura gradual das lojas, ajudando o resultado a ficar próximo do “breakeven” (ponto de equilíbrio). “Em junho, essa tendência se acentuou e a companhia obteve lucro líquido de R$ 93 milhões”, diz trecho do comunicado.

As despesas operacionais somaram R$ 1,4 bilhão, alta de 81%, com as despesas com vendas avançando 53,7%, para R$ 1,1 bilhão. A empresa informou que esta alta foi provocada pela decisão de não fazer demissões no período e de não fechar permanentemente nenhuma loja.

A receita líquida do Magazine Luiza subiu 29,2%, para R$ 5,5 bilhões. A receita bruta avançou 31,2%, para R$ 6,8 bilhões, puxada pelas vendas pela internet e reabertura gradual das lojas físicas.

As vendas totais do varejo aumentaram 49,1%, reflexo do crescimento de 182% no comércio eletrônico total e queda de 45,1% das lojas físicas. As vendas pela internet representaram 78% do total e o shopping virtual (“marketplace”) foi responsável por 27% do e-commerce total, com crescimento de 214%.

O lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda, na sigla em inglês) caiu 62,2%, para R$ 143,7 milhões, com a margem diminuindo 6,2 pontos percentuais (p.p.), a 2,6%, prejudicado pelo fechamento das lojas físicas.

As ações da Magalu podem abrir com alta hoje com investidores identificando pontos positivos, apesar dos números fracos. Mantemos nossa recomendação e preço-alvo. A tendência para o terceiro trimestre é bastante animadora com ritmo de vendas acelerando tanto nas lojas físicas como no digital, reforçando sua estratégia multicanal.

Totvs e Linx

A Totvs desmentiu a Linx sobre uma oferta pela companhia que justificasse levar o tema ao conhecimento dos conselheiros. A empresa afirmou ainda que há “troca de mensagens” entre os administradores de Totvs e Linx que comprovam os contatos.

A ata de reunião realizada no dia 10 de agosto, enviada à Comissão de Valores Mobiliários (CVM), mostra que a administração da Totvs apresentou a proposta pela Linx, aprovada de forma unânime por seu conselho, contrariando as afirmações de que as negociações ainda estariam em fase preliminar. Na reunião seguinte, do dia 13, o conselho aprovou novamente a proposta, desta vez adequando os termos com o que a Stone havia apresentado.

A Totvs reiterou a proposta feita para aquisição das operações da Linx e que “não obstante o indevido ônus que se pretende impor à Linx S.A., em caso de aceitação, pelos seus acionistas, de outras propostas”, pretende acionar a companhia na Justiça para questionar a administração por haver lesado os seus acionistas.

Telecom

Ainda no noticiário corporativo, deve repercutir hoje reportagem Coluna do Broadcast sobre tentativa da Oi de captar mais R$ 2 bilhões até o fim deste ano ou, no máximo, no começo do ano que vem. O dinheiro será usado para turbinar a expansão das redes de fibra ótica pelo País, principal linha de suas operações. Para fazer a captação, porém, a tele precisará que os credores aprovem a mudança no plano de recuperação judicial, que será submetido à votação em assembleia em 8 de setembro.

Vale ficar de olho também nas ações do setor proteínas animais, que ainda se beneficia dos ótimos resultados dos balanços corporativos vistos na última semana. No pregão de ontem, os frigoríficos estavam entre as 13 ações que fecharam em alta, todas correlacionadas ao dólar e exportações. O Ibovespa terminou o dia na casa dos 99 mil pontos (-1,73%) ontem, diante da cautela dos investidores. O dólar, por sua vez, subiu 1,57% no mercado à vista, cotado a R$ 5,5115. Hoje, a expectativa é de ajuste após fala do ministro Paulo Guedes e do presidente Jair Bolsonaro.

A agenda econômica desta terça-feira traz o segundo dia de reuniões trimestrais de diretores do Banco Central: Fernanda Nechio (Assuntos Internacionais e de Gestão de Riscos Corporativos), Fabio Kanczuk (Política Econômica) e João Manoel Pinho de Mello (Organização do Sistema Financeiro e Resolução) com analistas de São Paulo e do Rio de Janeiro.

No exterior, o foco é o discurso do vice-presidente do Banco Central Europeu (BCE), Luis de Guindos. Também são divulgados dados do setor imobiliário e de petróleo nos Estados Unidos.