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Termômetro do Mercado: Viés de baixa nas bolsas ao redor do mundo

A temporada de balanços corporativos do segundo trimestre traz os números de pesos-pesados no mercado brasileiro, como Bradesco, Vale, GPA e Ambev. Após o fechamento da Bolsa, a expectativa fica concentrada nos números da Petrobras. Lá fora, além dos resultados de gigantes globais, as principais praças operam com viés de baixa diante de uma agenda econômica forte nos Estados Unidos e Europa.

O clima tenso nas bolsas ao redor do mundo deve pesar também sobre o mercado local, entretanto, a rodada de notícias corporativas pode conter um movimento mais forte, já que permanece a tendência de alta. Em destaque, o resultado da Vale, empresa mais importante do Ibovespa, que apontou lucro líquido de US$ 995 milhões no segundo trimestre, revertendo o prejuízo visto um ano antes. O resultado foi mais de quatro vezes maior que o do primeiro trimestre, com os fortes preços do minério de ferro, carro-chefe da mineradora. No trimestre, o preço do fino de minério praticado pela companhia foi de US$ 88,90 a tonelada ?  no trimestre anterior, havia sido de US$ 83,80.

Em comunicado, a mineradora informou que espera retomar o pagamento de proventos aos acionistas. Em um primeiro momento, serão pagos os juros sobre capital próprio (JCP) deliberados em dezembro de 2019. No entanto, o conselho de administração da Vale também restabeleceu sem alterações a Política de Remuneração aos acionistas, que determina que os dividendos com base nos resultados do primeiro semestre sejam pagos em setembro. A data e o valor do pagamento ainda serão decididos.

Ainda no setor de siderurgia e mineração, a Usiminas comunicou nesta manhã que reverteu o lucro líquido de R$ 171 milhões registrado no segundo trimestre do ano passado em prejuízo de R$ 395 milhões entre abril e junho deste ano. O Ebitda ajustado atingiu R$ 192 milhões, queda de 67% em um ano, e de 66% em um trimestre. Provisões para contratos de insumos e serviços e para créditos impactaram essa linha do balanço.

No setor financeiro, após Santander divulgar ontem que teve queda da inadimplência, hoje é a vez das ações do Bradesco repercutirem a redução deste importante indicador de crédito bancário. De acordo com nosso co-head de Renda Variável, Carlos Daltozo, outra surpresa foi um novo aumento de provisão de R$ 4,5 bilhões, um montante maior que esperado.

O Bradesco registrou lucro líquido recorrente de R$ 3,873 bilhões no segundo trimestre, queda de 40,1% sobre um ano antes. Mais uma vez, a pandemia de Covid-19 impactou o resultado, devido à nova provisão contra o aumento da inadimplência em operações de crédito e de seguros. Ao todo, as provisões expandidas da instituição chegaram a R$ 8,890 bilhões, alta de 32,5% em um trimestre.

Ainda assim, o lucro foi 3,2% maior que o do primeiro trimestre, também marcado por provisões adicionais. O retorno sobre o patrimônio líquido (ROE, na sigla em inglês) subiu de 11,7% em março para 11,9%, mas foi menor que os 20,6% vistos em junho de 2019.

A carteira de crédito do banco cresceu 0,9% em relação a março, para R$ 661,115 bilhões, número 14,9% maior que em junho de 2019. Houve alta, na comparação trimestral, de 2,2% no crédito corporativo, mas queda de 1,3% nos empréstimos a pessoas físicas. Os ativos totais do Bradesco subiram 11,3% em um ano e 5,7% em um trimestre, para R$ 1,571 trilhão. O patrimônio líquido, de R$ 135,134 bilhões, subiu 4,3% em relação ao primeiro.

Do lado das ações ligadas ao consumo interno, Ambev informou retração de 49,3% no lucro líquido do segundo trimestre, no critério atribuído aos controladores, para R$ 1,327 bilhão. Ainda que o resultado tenha ficado abaixo das nossas expectativas, a companhia mostrou um volume de vendas no Brasil mais resiliente do que esperávamos, observa nossa analista Diana Stuhlberger.

Em um período marcado pelo fechamento de bares e restaurantes, os volumes vendidos de cerveja caíram 9,2%, mas já subiram 5% em junho, puxados pela divisão brasileira de cerveja.