Os mercados operam com bom humor na volta do feriado em importantes praças ontem. Internamente, o investidor repercute principalmente o noticiário corporativo, com destaque para as aéreas e o setor varejista. A tensão entre Estados Unidos e China continua como pano de fundo mesmo com o ritmo positivo desta sessão.
Na véspera, a Latam e suas unidades de Chile, Peru, Colômbia, Equador e Estados Unidos pediram recuperação judicial (Chapter 11) nos EUA. As unidades de Brasil, Argentina e Paraguai não estão incluídas. A decisão é um reflexo do impacto da pandemia da Covid-19.
Nos últimos dias, mesmo enxugando custos e captando dinheiro, a Latam não conseguiu honrar compromissos. O calote em uma parcela de US$ 1 bilhão de um empréstimo nos EUA, por exemplo, levou as agências de classificação de risco Fitch e S&P a rebaixarem as notas de crédito da empresa. No Brasil, a aérea aposta na negociação com o Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Entretanto, o fato de não ser listada na B3 pode atrapalhar, já que o socorro será via mercado de capitais.
Dentre as companhias que divulgaram balanços, destaque para Magazine Luiza, que lucrou R$ 30,8 milhões no primeiro trimestre, queda de 76,7% sobre um ano antes. As vendas totais, entretanto, subiram 34% e chegaram a R$ 7,7 bilhões – em maio, segundo a empresa, a alta já chega a 46%. Com lojas físicas fechadas a partir de 20 de março e o aumento na busca por compras pela internet, o canal online cresceu 73%, chegando a 53% das vendas totais.
As vendas líquidas cresceram quase 21% em relação aos três primeiros meses do ano passado, para R$5,2 bilhões, em linha com o estimado. O efeito Covid-19 foi cerca de R$500 milhões nas vendas, ou seja, reduziu as vendas brutas do trimestre em cerca de 8%.
Em nossa opinião, apesar deste elevado impacto do isolamento social na performance do trimestre, a Magazine Luiza continuou ganhando participação de mercado, principalmente no e-commerce, em que o crescimento de vendas foi 3x superior à evolução do mercado no mesmo período. O desempenho de vendas online segue em ritmo acelerado nos meses de abril e maio.
Na véspera, as ações da companhia marcaram alta de 4,77%, refletindo o bom humor dos investidores com o setor de varejo em função da perspectiva do e-commerce nas últimas semanas. Via Varejo saltou 15,57%, a maior alta do Ibovespa, seguida de B2W (+2,62%). Ainda no setor de varejo, Lojas Renner ON subiu + 8,03%.
Atenção também para as blue chips, em especial a Vale, que negocia a venda da sua participação na Vale Nova Caledônia (VNC) para a mineradora australiana New Century Resources (NCZ). A negociação está sendo conduzida pela Vale Canadá (VCL). Segundo a mineradora, o investimento na VNC será classificado como “ativo mantido para venda”, com redução do valor recuperável de cerca de US$ 400 milhões no segundo trimestre.
Ainda dentro do noticiário corporativo, a Marcopolo registrou lucro líquido de R$ 10,7 milhões no primeiro trimestre de 2020, recuo de 60,3% sobre igual período do ano passado. Segundo a companhia, o resultado foi beneficiado pela recuperação de créditos referentes a impostos pagos no Canadá entre 2016 e 2018, com impacto positivo de R$ 26,7 milhões. O Ebitda da companhia somou R$ 101,9 milhões entre janeiro e março, um avanço de 68% na comparação anual. A margem Ebitda passou de 6,7% para 11,1% em um ano. Na mesma comparação, a receita líquida da Marcopolo cresceu 2,3%, para R$ 919,4 milhões.