O investidor brasileiro inicia o dia repercutindo uma rodada forte de balanços trimestrais e o comportamento das principais praças internacionais. Lá fora, as bolsas europeias e os índices futuros de Nova York sinalizam queda, diante da expectativa de desdobramentos de uma proposta do Partido Republicano, entregue ao Senado dos Estados Unidos, de novos estímulos fiscais no valor de um US$ 1 trilhão, a fim de mitigar os impactos econômicos da pandemia de Covid-19. Na agenda econômica, destaque para os números do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (CAGED) no Brasil, previstos para esta manhã.
Do lado corporativo, enquanto aguardam os números de CSN e Cielo, que devem ser apresentados após o fechamento dos mercados, os investidores digerem o resultado do Carrefour Brasil no segundo trimestre, divulgado na noite passada.
O grupo registrou lucro líquido de R$ 713 milhões no segundo trimestre, alta de 74,9% em um ano. A margem líquida subiu 1,6 ponto porcentual, para 4,5%. Já o Ebitda Ajustado (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) subiu 27,5%, somando R$ 1,4 bilhão. As vendas da companhia chegaram a R$ 17,6 bilhões, alta de 18,3% no período.
Em um trimestre marcado pelas medidas de distanciamento social, o e-commerce alimentar do Grupo teve alta de 377% nas vendas brutas totais (GMV, na sigla em inglês), além de salto de 65% em outros produtos, ambos na comparação anual. Segundo o Carrefour, a operação online está próxima do ponto de equilíbrio (breakeven), e o crescimento no trimestre foi o equivalente a três anos. O Banco Carrefour, porém, foi prejudicado pela crise, com queda de 27% no Ebitda ajustado, para R$ 184 milhões. No relatório “Carrefour Brasil 2T20: Saldo positivo da pandemia”, nossa co-head de Renda Variável, Daniela Bretthauer, comenta que novamente o efeito da pandemia foi positivo para o desempenho da companhia, cujas vendas aceleraram ainda mais no 2T20: atacado (+13,5% a/a), varejo (+17,2% a/a) e e-commerce GMV (+94% a/a), compensando o tímido desempenho do Banco Carrefour no período.
No radar também, mais um capítulo da disputa pela Oi Móvel. Claro, TIM e Telefônica, que haviam feito uma oferta vinculante pelo ativo mas viram a Highline do Brasil passar à frente, enviaram à Oi uma nova oferta. Desta vez, as três teles revelaram o valor oferecido: R$ 16,5 bilhões, acima do mínimo de R$ 15 bilhões esperado pela Oi. Novamente, as empresas pedem a seleção de sua proposta na modalidade de primeiro proponente (‘stalking horse’), com o direito a cobrir os valores de outras ofertas (‘right to top’).
No setor de energia, a AES Corp venceu a disputa pela fatia do BNDESPar na AES Tietê. A competição era com a Eneva, que chegou a mudar sua proposta para aumentar a quantidade de dinheiro que pagaria pelos papéis da Tietê. De acordo com reportagem do Broadcast, desde o fim de semana que a AES era a favorita por ter oferecido liquidez total desde o princípio.
A Eneva buscava o endosso do BNDES, que detém a maior posição individual na Tietê, de 28,41%, para vencer a resistência da AES, e de minoritários que se opuseram à primeira oferta de incorporação da Tietê, feita em março. Ontem, quando a geradora brasileira apresentou a nova proposta, as ações da Tietê dispararam na B3.