O último dia do mês de outubro tem os mercados de todo o mundo com um pé atrás.
Aqui no Brasil por causa dos desdobramentos da crise fiscal que parece não ter fim. Enquanto a votação da PEC dos precatórios foi adiada mais uma vez, devendo ser agora na próxima semana, cogita-se a possibilidade de que o auxílio emergencial seja estendido, mesmo com a PEC sendo rejeitada na Câmara.
O jeito, de acordo com a fala do ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira, seria via decretação de estado de calamidade, que, na opinião de David Rebelo Athayde, subsecretário de Planejamento Estratégico da Política Fiscal, não tem espaço para acontecer pelo avanço da vacinação e volta crescente à normalidade.
O clima de incerteza quanto à condução da crise fiscal, mais os balanços de companhias importantes como Vale e Suzano abaixo das expectativas, devem ditar o ritmo do mercado doméstico.
Acrescenta-se a isso a declaração do presidente Jair Bolsonaro sobre a Petrobras que, na visão dele, é uma empresa que deve dar lucro, mas não tanto como tem apresentado, pois precisa cumprir uma função social.
No campo internacional a cautela é devida aos resultados das empresas de tecnologia que não vieram em sintonia com o que o mercado esperava, além do resultado do PIB norte-americano do terceiro trimestre mostrando desaceleração da atividade econômica. Enquanto economistas esperavam alta de 2,7% ela se acomodou na casa dos 2%.
Índices futuros americanos e as principais bolsas europeias operam em baixa nesta sexta-feira.
Na Europa, além do setor de tecnologia estar em queda pelos resultados das empresas norte-americanas, a inflação volta a dar sinais de que é mais resistente do que previam.
Hoje pela manhã foi divulgado o Índice de Preços ao Consumidor da zona do euro, com alta de 0,8% em outubro, elevando de 3,4% para 4,1% a inflação anual no bloco. A expectativa era que ficasse em 3,7%.
Na Ásia, o índice Nikkei, do Japão, e o Shanghai, da China, fecharam em alta de 0,25% e 0,82% respectivamente. Já o Hang Seng, de Hong Kong, e o Kospi, em queda, sendo o maior recuo do índice sul-coreano com perda de 1,29%.
Balanços 3T21:
1. O Fleury apresentou lucro líquido de R$103,5 milhões no segundo trimestre de 2021. Resultado 21,7% menor que o mesmo período de 2020. Mesmo assim, o acumulado dos nove primeiros meses do ano, que somou R$308,7 milhões, mostra alta de 162,8% em relação a janeiro a setembro do ano passado.
2. Divulgado após o pregão de ontem, o balanço da Vale registrou lucro líquido de R$20,203 bilhões no terceiro trimestre, número 29,4% maior que o conquistado no mesmo período do ano passado, mas 49,6% menor na comparação com o trimestre anterior.
A receita líquida da mineradora foi de R$66,261 bilhões, crescimento de 14,4% na comparação ao terceiro trimestre de 2020.
A geração de caixa medida pelo Ebitda ajustado cresceu 14% em um ano, indo para US$6,938 bilhões. Comparado ao trimestre anterior representa queda de 37%.
3. Revertendo prejuízo de R$1,5 bilhão registrado no terceiro trimestre de 2020, a Petrobras declara lucro de R$31,14 bilhões entre julho e setembro de 2021, resultado bem acima dos R$21,4 bilhões esperados pelo mercado.
Entre os pontos que favorecem a estatal estão o volume de vendas, preços elevados e a produtividade dos campos do pré-sal.
Ainda no dia de ontem a Petrobras informou que recolheu R$134,1 bilhões em tributos entre janeiro e setembro deste ano, valor 43,4% superior ao que contribuiu no mesmo período do ano passado.
4. A Suzano reportou prejuízo líquido de R$959,375 milhões no terceiro trimestre, 17% menor em relação ao mesmo período do ano passado, quando somou perdas de R$1,158 bilhão.
Apesar da melhora na comparação anual, a companhia reverteu o movimento positivo que teve no segundo trimestre deste ano, quando obteve lucro de R$10,037 bilhões.
5. Dona da marca Havaianas, entre outras, a Alpargatas registrou no terceiro trimestre deste ano lucro líquido recorrente de R$155,5 milhões, alta de 34,1% em relação ao mesmo intervalo de 2020.
O Ebitda recorrente chegou a R$185,7 milhões entre julho e setembro, valor 17,4% maior que o registrado nos mesmos meses do ano passado.
6. Outra empresa do segmento de calçados e com marcas concorrentes da Havaianas, como Ipanema e Rider, a Grendene apontou aumento de 88% do seu lucro líquido, alcançando R$208,1 milhões no terceiro trimestre deste ano. No acumulado do ano o lucro líquido chegou a R$370 milhões.
Segundo a companhia, o resultado se justifica pela base de comparação deteriorada de 2020, por causa da pandemia e por um crédito de ação judicial que reconheceu a inconstitucionalidade da incidência do Imposto de Renda de Pessoas Jurídicas e da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido.
7. Locadora de caminhões, máquinas e equipamentos, a Vamos divulgou lucro líquido recorde no valor de R$111,14 milhões, o que representa 127,4% a mais que um ano atrás.
Últimas Corporativas:
Aquisição
Com o objetivo de ampliar a atuação no segmento de geração renovável de energia, a Equatorial Energia anunciou a compra da Echoenergia, especializada no segmento.
A operação, em análise pelo Cade, foi fechada no valor de R$6,7 bilhões.
Recompra de ações
No mesmo dia em que anunciou seu desempenho no 3T21, a Vale comunicou que fará um programa de recompra de ações, limitado a 200 milhões de ações ordinárias e seus respectivos ADRs, o que representa até 41% do número total de papéis em circulação.
O programa será executado em 18 meses e sucede um programa que acabou de acontecer, onde foram recompradas 268 milhões de ações.
Investimento
A Suzano vai investir R$14,7 bilhões na construção de uma unidade de produção de celulose em Ribas do Rio Pardo, Mato Grosso do Sul.
O Projeto Cerrado, como está sendo chamado, terá capacidade de produzir 2,55 milhões de toneladas de celulose de eucalipto por ano, com a operação prevista para iniciar no segundo semestre de 2024.
IPO
O Banco de Brasília, BRB, suspendeu o seu processo de oferta pública inicial, que previa a distribuição primária e secundária de Units.
Segundo o comunicado da companhia, a decisão se deve à deterioração das condições do mercado, mas que continuará em busca de condições favoráveis para concretizar a oferta.
Debêntures
A Sabesp fará a 29ª emissão de debêntures simples, não conversíveis em ações, da espécie quirografária, em até três séries, no valor de R$1,25 bilhão.
Serão 500 mil debêntures na primeira série, 750 mil na segunda e no mínimo 150 mil na terceira. Os vencimentos serão em 2026, 2031 e 2036 respectivamente.
ADRs
O conselho de administração da CCR iniciará tratativas para adotar um programa de emissão de ADR, American Depositary Receipts, Nível I, com lastro nas ações emitidas pela companhia.