Sobre o 7 de setembro vivido ontem tem-se apenas uma certeza. Ele não acabou. Ou seja: os próximos dias, ou meses, permanecerão tensos, o que, para o mercado financeiro, significa cautela, atenção redobrada e um caminhar de lado.
Hoje será dia de muita repercussão dos acontecimentos da véspera. Luiz Fux, presidente do Supremo Tribunal Federal, deve se pronunciar em resposta aos discursos feitos pelo presidente da República durante as manifestações em Brasília e São Paulo. A decisão do tom a ser dado pelo presidente do STF foi definido em conjunto com os demais ministros, após uma reunião virtual realizada ontem.
O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, cancelou as sessões deliberativas e reuniões de comissões previstas para hoje e amanhã. A justificativa é de que não há clima político para votações de projetos, sejam eles de interesse ou não do Palácio do Planalto.
Porém, deve ser inevitável que o posicionamento adotado ontem pelo presidente Jair Bolsonaro, reflita sobre a agenda econômica do governo, que depende do apoio dos congressistas para avançar em questões importantes como a PEC dos Precatórios e a aprovação de reformas estruturais, por exemplo. Lembrando que há alguns dias o próprio ministro da Economia, Paulo Guedes, disse que o STF iria dar a solução para o pagamento dos precatórios.
Se por um lado não houve a temida ruptura na própria terça-feira, por outro, ficou mais declarado do que nunca de que ela é sim uma via considerada pelo atual governo. Nesse clima, as projeções da bolsa conquistando máximas históricas estão bem comprometidas.
Indicadores
Agora pela manhã, a Fundação Getulio Vargas, FGV, divulgou o Índice Geral de Preços-Disponibilidade Interna, IGP-DI, que caiu 0,14% em agosto, após alta de 1,45% em julho. O esperado era alta de 0,10%.
O Índice de preços ao Produtor amplo, IPA-DI, caiu 0,42%, enquanto o Índice de Preços ao Consumidor, IPC, recuou 0,71% no período.
Outro dado divulgado pela FGV agora pela manhã foi o Indicador de Antecedente de Emprego do Brasil, que apontou alta de 0,9 ponto, chegando a 90,1 pontos. É o quinto mês consecutivo de alta, aproximando-se do nível pré-pandemia.
Estados Unidos, Europa e China
A semana nos Estados Unidos também é mais curta devido ao feriado do Dia do Trabalho, comemorado na segunda-feira. Na agenda de hoje, o fato mais importante é o lançamento do Livro Bege pelo Federal Reserve, que traz a descrição sobre a atividade econômica em 12 distritos.
Os dados fracos sobre emprego e os efeitos da variante delta do coronavírus podem atrasar a redução dos estímulos feitos à economia por meio da compra de títulos.
Na Europa, o Produto Interno Bruto dos 19 países que compartilham o euro cresceu 2,2% no segundo trimestre em relação ao trimestre passado e, 14,3%, em comparação ao mesmo período do ano anterior. Mesmo assim, os volumes do PIB no bloco monetário estão 2,5% abaixo de seus picos pré-Covid.
As atenções do continente estão voltadas para a reunião do Banco Central Europeu, agendada para a amanhã. A expectativa é de que as autoridades monetárias diminuam os estímulos à economia devido os indicadores de crescimento positivos e a inflação em alta.
A expansão da economia global fez com que as exportações da China dessem um salto de 25,6% em agosto, quando comparada com o resultado do mesmo período do ano anterior. Em julho, havia registrado alta de 19,3%. Analistas estimavam crescimento de 17,1%.
Crescente foi também a economia no Japão, que avançou 1,9% entre abril e junho em comparação com o mesmo período de 2020. Acima do 1,3% de alta esperado.
Nesta quarta-feira, os principais mercados asiáticos fecharam com comportamento misto, mas sem grandes movimentos.
Fusão
A Superintendência-Geral do Conselho Administrativo de Defesa Econômica, Cade, recomendou a aprovação da fusão entre a Localiza e a Unidas mediante remédios. Agora, a compra da Unidas pela Localiza segue para o Tribunal do Cade, com prazo até os primeiros dias de 2022.
Segundo o documento, a fusão gera riscos relevantes para o ambiente competitivo do mercado de locação de veículos.
Gol
A companhia aérea Gol divulgou que a demanda por voos cresceu 84,7% em agosto, quando comparado com o mesmo mês de 2020. No mês passado, a Gol transportou 1,5 milhão de passageiros. Entre janeiro e agosto a demanda avançou 4,6%. Todos os dados são referentes a voos domésticos.