A temporada de balanços no Brasil e nos Estados Unidos continua como o principal destaque das bolsas nesta quinta-feira (23), embora a volta da tensão na relação entre americanos e chineses tenha pressionado os índices na Ásia e possa influenciar o mercado local também. Paralelamente, as negociações do próximo pacote de estímulos à economia americana seguem como um importante driver para os negócios.
No campo corporativo, atenção para as ações da Movida após divulgação de prévia operacional. A locadora de veículos registrou receita líquida de R$ 1,047 bilhão no segundo trimestre, alta de 5,8% na comparação com o mesmo período de 2019. Em relação ao primeiro trimestre do ano, o acréscimo foi de 3,6%.
O resultado foi impulsionado pelas receitas com a venda de automóveis seminovos, que chegaram a R$ 749,1 milhões, alta de 21,3% em um ano. A empresa afirma que sua frota total no final do período caiu para 105,7 mil veículos, redução de 13 mil carros em um trimestre. As vendas, segundo a Movida, estão em linha com a estratégia de adaptação da empresa ao cenário da crise provocada pela pandemia da Covid-19.
As receitas de serviços apresentaram retração de 19,8% em um intervalo de 12 meses, para R$ 298,7 milhões. A maior baixa foi no aluguel de carros, com queda de 34,1%, para R$ 174 milhões. Na gestão de frotas terceirizadas, a Movida viu a receita subir 14,8%, para R$ 124,8 milhões. Por outro lado, o volume de diárias no aluguel de carros teve queda de 7,5% na comparação anual, para 3,4 milhões, enquanto na gestão de frotas houve alta de 19,6% nas diárias, para 3,047 milhões.
Do lado das construtoras, mais uma oferta no horizonte: a Cyrela Realty comunicou que a Plano & Plano, unidade voltada ao Minha Casa, Minha Vida, pediu registro de companhia aberta, fará oferta pública inicial de distribuição primária e secundária das ações e será listada no Novo Mercado da B3.
A Plano & Plano foi fundada em 1997. A Cyrela detém 50% das ações da Plano & Plano, que representa 1,21% do seu capital.
No setor de educação, a Cogna ganha holofotes ao estabelecer uma faixa indicativa entre US$ 15,50 e US$ 17,50 para o preço por ação de classe A da Vasta, sua subsidiária de serviços educacionais, na oferta pública inicial (IPO, na sigla em inglês) da empresa na Nasdaq, em Nova York. Serão vendidas 18.575.492 ações, com a possibilidade de colocação de mais 2.786.324. Com todos os papéis vendidos no teto da faixa indicativa, a oferta pode girar US$ 373,831 milhões.
Pela faixa indicativa de preço, a oferta da Vasta pode captar de US$ 287,920 milhões a US$ 325 milhões, considerando apenas o lote principal. Somado o lote adicional, o IPO pode movimentar entre US$ 331,11 milhões a US$ 373,8 milhões.
Em fato relevante, a companhia informa ainda a expectativa da administração para os resultados da Vasta no primeiro semestre, com previsão de receita líquida entre R$ 507,2 milhões e R$ 515,6 milhões e Ebitda (incluindo custo de mais-valia de estoques) entre R$ 103,2 milhões e R$ 111,5 milhões.
Bancos
Após a proposta de substituição de PIS e Cofins pela Contribuição de Bens e Serviços (CBS), o setor bancário sinaliza que uma maior tributação pode aumentar o custo do crédito ao consumidor. A CBS para o setor seria de 5,9%, menor que os 12% cobrados de outros setores, mas maior do que a cobrança atual.
De acordo com reportagem do Broadcast, o mercado calcula que o novo imposto custaria R$ 6 bilhões a mais às instituições por ano. Ontem, as ações do setor caíram em bloco na B3, com o investidor ponderando os impactos do novo imposto e também outras propostas de aumento da tributação aos bancos.
No câmbio, o dólar segue fraco no exterior e pode levar o mercado a testar o suporte de R$ 5,00 ante o Real, depois de fechar em R$ 5,1157, diante também do entusiasmo recente pela percepção de melhora na relação entre governo e Congresso e os ingressos de fluxo de capitais para as ofertas de ações em curso na B3.
Em live ontem à noite, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), disse que um dos grandes desafios para o próximo ano será manter o teto de gastos e reafirmou ser contra a criação de um novo imposto, defendido pela equipe econômica, porque não melhora o ambiente de negócios e é capaz de travar o crescimento do País.
Na agenda econômica, as atenções estão voltadas para o plano internacional. Há pouco, o governo norte-americano divulgou o relatório de pedidos semanais de auxílio-desemprego e, no final do dia, tem o discurso do secretário de Estado americano, Mike Pompeo, sobre a China, em meio à escalada na tensão entre os dois países. Além disso, os mercados repercutem a decisão de política de juros na Turquia e na África do Sul.