O mercado doméstico repercute hoje dados de produção da indústria e um forte noticiário corporativo, enquanto acompanha o bom humor no mercado internacional e aguarda novos desdobramentos no cenário político. Instantes atrás, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) comunicou que a produção industrial caiu 18,8% frente a março de 2020 (série com ajuste sazonal), queda mais acentuada desde o início da série histórica, em 2002, refletindo os efeitos do isolamento social provocado pela pandemia da Covid-19.
Apesar da forte retração, o dado foi melhor do que o esperado na comparação mensal. Em relação a abril de 2019 (série sem ajuste sazonal), a indústria recuou 27,2%, sexta queda consecutiva e o recorde negativo da série histórica nesta comparação.
Dentro da temporada de balanços, a Braskem reverteu o lucro líquido visto no primeiro trimestre do ano passado em prejuízo de R$ 3,649 bilhões entre janeiro e março deste ano. Segundo a empresa, as perdas foram causadas pelo impacto da variação cambial sobre os resultados financeiros, além do ciclo de baixa do setor petroquímico a nível mundial.
O Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) recorrente, de R$ 1,313 bilhão, caiu 22% em um ano, mas subiu 32% em um trimestre. As maiores vendas no Brasil e no exterior e as menores despesas relacionadas à extração de sal-gema em Alagoas impulsionaram os números. A receita líquida de vendas, de R$ 12,625 bilhões, caiu 3% em um ano, e ficou praticamente estável em um trimestre.
O resultado financeiro da Braskem foi negativo em R$ 6,254 bilhões e a alavancagem da empresa, dada pela relação entre dívida líquida e Ebitda em dólares, subiu de 4,71 vezes em dezembro para 5,84 vezes em março. A dívida líquida da Braskem, excluindo-se a Idesa, subiu 15% em um ano, para R$ 5,906 bilhões.
Atenção também para o setor de Saúde diante da aprovação do Projeto de Lei do Senado que suspende reajustes nos preços de planos de saúde e em medicamentos de forma temporária durante a crise da Covid-19. O texto determina o congelamento de preços de medicamentos e planos por 60 dias. A medida, porém, só valerá se a proposta for aprovada na Câmara dos Deputados e sancionada pelo presidente Jair Bolsonaro. Enquanto isso, a indústria farmacêutica está autorizada a reajustar os valores em até 5,21%.
Aéreas
Duas informações divulgadas na imprensa nacional repercutem nas ações das aéreas. A primeira é que a Azul contratou o mesmo escritório que cuidou do processo de recuperação judicial da Avianca Brasil, hoje inoperante.
De acordo com reportagem da Folha S.Paulo, a companhia contratou os escritórios Galeazzi e TWK (o último responsável pelo processo de recuperação judicial da Avianca Brasil), especializados em reestruturação e insolvência, para negociar com os credores, mas diz não pensar em pedir recuperação judicial.
A segunda é que a agência de classificação de risco rebaixou as notas de crédito de Azul e Gol de B1 para Caa1, o que significa um “alto risco de crédito”. A medida foi justificada pela forte queda no tráfego de passageiros com a pandemia do novo coronavírus e pelas perspectivas de uma recuperação mais lenta.
O novo rating mantém Azul e Gol um degrau acima da Latam, que está em recuperação judicial nos Estados Unidos, e que foi rebaixada para Ca pela Moody’s (o que indica “calote próximo”).
No restante da Bolsa, as esperanças de retomada da economia podem levar a novas altas, com o investidor mantendo em foco indicadores locais. Do lado do câmbio, diante da menor aversão ao risco ao redor do mundo, o dólar continua renovando mínimas em relação as moedas de mercados emergentes. No Brasil, por volta de 9h30, a moeda americana era cotada a R$ 5,11 no mercado à vista.