As bolsas ao redor do mundo apresentam sinal positivo e o índice DXY do dólar assumiu forte viés de baixa depois que o presidente da Rússia, Vladimir Putin, anunciou que seu país foi o primeiro a registrar uma vacina contra a Covid-19. Internamente, a temporada de balanços do segundo trimestre tem uma rodada importante nesta terça, com Cosan, BR Distribuidora, BTG Pactual, XP Inc., Gafisa, Qualicorp, RaiaDrogasil e Mitre.
A gigante do setor de energia (dona de Comgás, Raízen e Rumo) registrou prejuízo líquido de R$ 174,4 milhões no segundo trimestre, revertendo o lucro de R$ 418,3 milhões observado um ano antes.
O lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) somou R$ 590,8 milhões no período, queda de 58,2% em relação ao segundo trimestre de 2019. O Ebitda ajustado, que exclui os efeitos pontuais incorridos nos trimestres, chegou a R$ 517,8 milhões, queda de 56,5% na comparação anual. A receita líquida caiu 33,1%, para R$ 11,803 bilhões também na comparação anual.
O balanço da Cosan no 2T20 veio abaixo das nossas expectativas já pessimistas, resultado das menores margens tanto na Raízen Energia quanto na Raízen Combustíveis.
Ao contrário da Cosan, a São Martinho vendeu bastante açúcar no primeiro trimestre do ano-safra 2020/21 e o preço foi maior em comparação com suas pares. O grupo apresentou lucro líquido de R$ 115,706 milhões no primeiro trimestre do ano-safra 2020/21, encerrado em 30 de junho. O resultado representa alta de 26,5% ante o registrado em igual período da temporada 2019/20, de R$ 91,463 milhões. O Ebitda ajustado da companhia sucroenergética subiu 41,1% na mesma base de comparação, para R$ 491,443 milhões.
Já a Vulcabras | Azaleia registrou prejuízo líquido de R$ 75,4 milhões no segundo trimestre, revertendo lucro de um ano antes. A receita recuou 69,8%, para R$ 98,7 milhões.
Em nossa visão, o resultado da companhia foi bastante afetado pelas medidas de isolamento social, com queda do volume de pares de calçados vendidos de 58% em relação ao segundo trimestre de 2019, causada principalmente pelo fechamento temporário do comércio.
Mesmo com adoção de diversas medidas de contenção de custos e despesas, a drástica queda na receita levou a um Ebitda negativo e grande prejuízo no período, ambos em linha com nossa estimativa que havia sido revisada recentemente para contemplar o cenário de pandemia.
As ações do setor financeiro seguem no radar em meio a notícias sobre medidas fiscais com impacto nos juros e a divulgação de resultados trimestrais. Mais cedo, o BTG Pactual informou um lucro líquido de R$ 977 milhões no segundo trimestre, praticamente estável em relação ao observado um ano antes. Na pandemia, o BTG emprestou mais. A linha de crédito corporativo registrou receita de R$ 303 milhões no segundo trimestre do ano, alta de 58% em um ano e de 14% ante o visto no primeiro trimestre. No período, o negócio de crédito voltado às pequenas e médias empresas (PMEs), por meio de antecipação de recebíveis via plataforma digital, atingiu um portfólio de R$ 3,8 bilhões.
Na agenda econômica, destaque para a Ata do Copom (Comitê de Política Monetária) que esteve reunido na semana passada, quando decidiu pelo corte da taxa básica de juros, a Selic, de 2,25% para 2,00% ao ano. Lá fora, é esperada a fala do presidente do Federal Reserve (Fed, banco central americano) de São Francisco, Mary Daly, na Conferência Anual de Mulheres de Negócios da Califórnia.
Os investidores também continuam ligados no noticiário americano, especialmente após presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, minimizar novamente o acordo comercial fechado com a China em janeiro. Ele disse que a chamada Fase 1 do pacto “significa muito pouco”.
Essa foi a terceira vez que Trump minimizou a importância do acordo comercial sino-americano, em meio a uma escalada na tensão entre as duas potências, em temas como o aplicativo chinês TikTok e a nova lei de segurança nacional em Hong Kong.