O mercado local repercute a inflação de agosto, divulgada há pouco pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Foi a mais alta para o mês desde 2016, embora o índice (+0,24%) tenha desacelerado em relação a julho (+0,36%). No ano, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que mede a inflação oficial do Brasil, acumula alta de 0,70% e, em 12 meses, de 2,44%.
Pesaram mais no bolso do consumidor, principalmente, a gasolina, que subiu pelo terceiro mês seguido, e os alimentos, que chegaram a registrar certa estabilidade de preços em julho, mas voltaram a subir em agosto. Para as famílias de menor renda, o impacto é maior.
No campo corporativo, a Oi continua em destaque, hoje, com a notícia de que seus credores aprovaram a mudança do plano de recuperação judicial da companhia. A aprovação saiu de uma assembleia virtual que durou 12 horas.
Com a mudança do plano, que estava vigente desde 2017, a empresa viabiliza a venda de ativos como redes móveis, torres, data centers e parte da rede de fibra ótica, levantando mais de R$ 22 bilhões.
Atenção também para decisão colegiada da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) determinando que o IRB forneça sua lista de acionistas ao Instituto Empresa, uma associação de proteção aos direitos de investidores de Porto Alegre, no Rio Grande do Sul. A decisão atendeu a um recurso da entidade, após o IRB se recusar a fornecer os dados. O Instituto Empresa representa minoritários do IRB em busca de reparação pelos danos causados em função da queda das ações da companhia na Bolsa, em meio à crise que começou com a contestação de seus resultados pela gestora Squadra e levou à destituição da alta cúpula do ressegurador.
Entre as blue chips, após a queda de ontem em meio a retração dos preços do petróleo no mercado internacional, a Petrobras continua no radar, mas agora com o início da fase vinculante da venda de uma fatia entre 50% e 100% de sua participação na concessão BM-S-51, na Bacia de Santos. A estatal também passará a operação do campo, que está localizado em lâmina d’água que varia de 350 a 1.650 metros, a cerca de 215 km da costa de São Paulo.
Cenário Externo
Lá fora, após três pregões consecutivos de vendas acentuadas em Nova York, hoje os índices futuros indicam certo alívio, com retomada do petróleo, ajudando também bolsas europeias. No radar dos investidores, está o anúncio da AstraZeneca de suspensão da fase 3 de testes de sua possível vacina contra a Covid-19. A possibilidade de uma vacina no curto prazo tem alavancado ganhos de setores penalizados pela pandemia, como o aéreo, turismo e educação, podendo trazer certa frustração.
Enquanto nas bolsas ao redor do mundo existe uma tentativa de recuperação, o dólar perde força ante a grande maioria das moedas de países emergentes e exportadores de commodities, o que abre chance de uma ligeira recuperação do Real. Vale mencionar que, mesmo com a alta de 1,70% registrada na véspera, a moeda americana ainda acumula queda de 2,11% em setembro.
De acordo com o Broadcast, o movimento está relacionado à redução dos ruídos políticos que giravam em torno de um possível relaxamento do teto de gastos e das especulações em torno da permanência de Paulo Guedes à frente do Ministério da Economia. O assunto, no entanto, segue bastante sensível aos olhos de investidores e analistas, que veem o dólar demasiadamente apreciado ante o Real, ainda precificando risco fiscal.