O mercado local abre a sessão desta quinta reagindo à mais uma rodada de balanços corporativos, com destaque para Via Varejo, Marfrig, BRF, Ultrapar, Eletrobras e MRV, mas sem deixar de olhar as principais praças internacionais. Lá fora, os índices de Nova York operam com sinais mistos, enquanto as bolsas europeias apontam para baixo. A agenda econômica também merece atenção hoje.
Por volta de 10h40, o Ibovespa registrava alta de 0,82%, aos 102.995 pontos. No mercado de câmbio, dólar apresentava queda em relação ao Real, cotado na casa dos R$ 5,40.
Na cena política, o esforço do governo em mostrar que está comprometido com a responsabilidade fiscal pode animar os investidores brasileiros. Nesse sentido, o presidente Jair Bolsonaro declarou seu apoio ao teto de gastos, enquanto o ministro da Economia, Paulo Guedes, e lideranças do Congresso disseram que querem acelerar a votação de uma proposta permitindo acionar, no ano que vem, medidas de controle de gastos, além de criar freios para as contas públicas. O anúncio, feito por Bolsonaro ao lado do presidente da Câmara, Rodrigo Maia; do presidente do Senado, Davi Alcolumbre, e de Guedes foi interpretado como um sinal de que o ministro fica no cargo.
De volta ao noticiário corporativo, as ações da Via Varejo abriram em alta em reação à divulgação, pela companhia, de um lucro líquido de R$ 65 milhões no segundo trimestre, revertendo o prejuízo de R$ 162 milhões registrado no segundo trimestre de 2019. Como esperado, a pandemia teve efeitos opostos sobre os canais físico e online: fechadas durante boa parte do trimestre, as lojas físicas da companhia venderam 63% a menos. No e-commerce, porém, a alta foi de 279,6%.
O Ebitda da empresa foi de R$ 555 milhões, alta de 45,7% em um ano. A margem Ebitda ajustada foi 4,2 pontos porcentuais maior, de 10,5%. As receitas, porém, caíram 12,4% em um ano, no caso da receita líquida, e 7,8%, no caso da bruta, com o impacto do fechamento das lojas físicas. Considerando todas as lojas reabertas no trimestre, as vendas em mesmas lojas (que consideram apenas unidades abertas há mais de um ano) cresceram 23%.
Iniciado há um ano, o turnaround na performance da Via Varejo não foi comprometido mesmo com o efeito da pandemia por coronavírus. Pelo contrário, a companhia demonstrou bastante agilidade em adaptar sua estratégia e redirecionar suas vendas para o canal digital diante do fechamento das lojas no 2T20. A penetração do e-commerce foi de aproximadamente 70% no período.
Entre as empresas do setor de alimentos, a Marfrig encerrou o segundo trimestre deste ano com lucro líquido de R$ 1,59 bilhão, alta de 1.743% em relação ao lucro de R$ 87 milhões de um ano antes. O Ebitda Ajustado teve avanço anual de 266%, a R$ 4,06 bilhões, com margem de 21,5%. A receita líquida consolidada aumentou 54,2% no período, para R$ 18,881 milhões.
Um dos destaques foi a operação da América do Norte. A receita líquida, em dólares, cresceu 19,3% em um ano, para US$ 2,678 bilhões, e o Ebitda Ajustado aumentou 170,3%, para US$ 235 milhões. Foram resultados recordes, de acordo com a companhia. Na América do Sul, o CEO da operação local, Miguel Gularte, observou que as exportações, que subiram 18% puxadas pela demanda da China e de Hong Kong (que, juntos, representaram 65% das receitas de exportação), ajudaram a compensar a baixa nas vendas internas. Segundo ele, a recuperação do consumo internacional no segundo semestre deve trazer maior equilíbrio ao mercado.
A BRF, por sua vez, teve lucro líquido de R4 307 milhões, queda de 5,5% em relação ao segundo trimestre de 2019. O Ebitda da dona das marcas Sadia e Perdigão caiu 21,9% na comparação anual, para R$ 1,177 bilhão, sendo que no critério ajustado, a soma foi de R$ 1,031 bilhão, em uma queda de 33,3%. A receita líquida da companhia, porém, subiu 9,2%, para R$ 9,104 bilhões, e o volume vendido ficou estável.
A companhia teve resultado financeiro negativo em R$ 190 milhões, uma sensível melhora em relação ao resultado negativo de R$ 619 milhões do mesmo período do ano passado. A dívida líquida da empresa chegou a R$ 15,311 bilhões, mas a alavancagem, medida pela relação entre dívida líquida e Ebitda, caiu de 3,74 vezes um ano antes para 2,89 ao final de junho deste ano.
Mais ligada ao consumo interno, a Movida divulgou, na noite de ontem, lucro líquido ajustado de R$ 2,6 milhões no segundo trimestre de 2020, recuo de 93,7% na comparação anual. Sem os efeitos dos ajustes nos valores dos ativos da companhia (impairments) e por conta da pandemia de Covid-19, o resultado foi de prejuízo de R$ 57,3 milhões. O Ebitda ajustado ficou praticamente estável, em R$ 151,3 milhões.
A companhia informou ainda os dados prévios financeiros não auditados referentes a julho, e sua variação em relação à média mensal do segundo trimestre. A receita líquida de locação de veículos (RAC) somou R$ 81,3 milhões, alta de 40,2%. A receita com gestão e terceirização de frota (GTF) atingiu R$ 41,4 milhões, queda de 0,5%. Os serviços (RAC + GTF) somaram receita líquida de R$ 122,7 milhões no mês, alta de 23,2%.