Com a agenda econômica interna praticamente vazia, os investidores ficam de olho no noticiário corporativo, com destaque para o setor aéreo, após novas informações divulgadas por CVC e pelo sindicato de aeroviários. As construtoras também devem repercutir hoje o início da temporada de apresentação de prévias operacionais, ao mesmo tempo que o setor de saúde continua sob holofotes.
Do outro lado, a CVC divulgou, nesta manhã, dados financeiros prévios que mostram o impacto da pandemia de Covid-19 nos negócios. Segundo a operadora de turismo, o balanço do primeiro trimestre deve trazer baixas contábeis de R$ 475 milhões, referentes a ativos intangíveis vindos da compra de empresas, e de R$ 81 milhões ligados a créditos de tributos diferidos relativos a prejuízos acumulados.
Atualmente, a CVC tem um saldo em torno de R$ 380 milhões com companhias aéreas, em bilhetes já pagos. Essa conta pode gerar perdas adicionais caso alguma companhia aérea encerre suas operações sem honrar ou transferir os bilhetes para outra aérea. “Todavia, não é possível no presente momento estimar o potencial de perda envolvido”, segundo o fato relevante, sem citar nomes.
A CVC, que ainda não apresentou os balanços do quarto trimestre de 2019 e do primeiro trimestre deste ano, reiterou que erros contábeis em exercícios anteriores podem gerar impacto na linha de vendas de R$ 350 milhões e que estuda uma capitalização. Em comunicado, a empresa afirma, porém, que os números identificados são provisórios e ainda serão auditados.
Entre as aéreas, a Azul começou a demitir funcionários de terra na última semana, segundo o Sindicato Nacional dos Aeroviários (SNA). Mais de mil trabalhadores já teriam sido dispensados e as negociações de um acordo com a companhia estão paralisadas. A Azul afirmou que tem tentado preservar o máximo de empregos possível.
Em Brasília, a Câmara dos Deputados deve votar hoje a Medida Provisória 925, de socorro ao setor aéreo. Devem ser analisados ao menos quatro destaques, que tentam modificar pontos, como o reembolso de passagens e o financiamento do setor, e buscam garantir estabilidade temporária aos funcionários das empresas.
Ainda no setor, de acordo com o Broadcast a Invepar, uma das sócias da concessão do Aeroporto Internacional de Guarulhos, afirmou que entre maio e junho houve alta de 35% na movimentação de passageiros, mas que no segundo trimestre, a queda em relação ao mesmo período do ano passado foi de 88%.
Construção
As construtoras começaram a divulgar prévias operacionais do segundo trimestre de 2020, o que pode servir de catalisador para as ações do setor. A Even, por exemplo, registrou vendas líquidas de R$ 301 milhões no período, queda de 38,9% em um ano. Na comparação com o primeiro trimestre deste ano, porém, houve aumento de 17,5%. A velocidade de vendas (VSO) ficou em 14% no segundo trimestre, ante 20% no mesmo período do ano passado e 12% no primeiro trimestre.
Apesar do momento desafiador ao longo de todo o trimestre, a companhia realizou dois lançamentos que somaram um valor geral de vendas (VGV) potencial de R$ 244 milhões no Rio Grande do Sul (RS), sendo um do segmento comercial e o outro econômico.
No primeiro semestre deste ano, a companhia lançou um VGV potencial de R$ 266,6 milhões, aproximadamente 28% do que foi realizado no mesmo período de 2019. Nós mantemos a expectativa conservadora de lançamentos para 2020 (% Even) em R$ 500 milhões, com projetos pontuais e estratégicos.
Lá fora, as bolsas de Nova York operam em baixa, após o rali de ontem em Wall Street, à medida que o forte ressurgimento do coronavírus nos Estados Unidos ameaça a perspectiva de recuperação da economia global.