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Termômetro do Mercado: Cautela prevalece após forte ganho da véspera

A cautela prevalece nos mercados ao redor do mundo nesta terça, após a euforia de ontem diante da reabertura gradual de algumas economias no exterior e relatos sobre vacina contra o novo coronavírus animarem os investidores. Por aqui, a temporada de balanços ainda traz informações relevantes quanto ao impacto da pandemia no setor produtivo, ao mesmo tempo que o mercado acompanha notícias de medidas com impacto nos bancos.

Por volta de 10h50, o Ibovespa operava com queda de 0,51% abaixo dos 81 mil pontos. No câmbio, o dólar passava a apresentar alta em relação ao Real, cotado na faixa de R$ 5,74.

No campo corporativo, a Marfrig divulgou na noite passada que teve prejuízo líquido de R$ 137 milhões no primeiro trimestre de 2020, revertendo lucro de R$ 4 milhões de um ano antes. O resultado foi impactado por uma despesa financeira não recorrente de R$ 169 milhões, referente aos custos da emissão de notas sênior 2023, liquidadas em janeiro.

No critério ajustado, que desconsidera tal efeito e leva em conta apenas operações continuadas, houve lucro de R$ 32 milhões entre janeiro e março. A variação cambial também afetou a última linha do balanço, algo visto anteriormente nos números da JBS e de outras empresas expostas ao mercado externo.

Passando ao operacional, o Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) subiu 109% entre um ano e outro, chegando a R$ 1,2 bilhão. A receita líquida subiu 27% em um ano, impulsionada por exportações 65% maiores nas operações da América do Sul e por um incremento nas vendas da National Beef americana. A operação nos Estados Unidos foi responsável por 72% das receitas no trimestre.

O resultado da Marfrig do 1T20 foi bastante forte e em linha com nossas expectativas no lado operacional, porém acabou dando prejuízo na última linha por conta da variação cambial. Destacamos ainda o forte aumento das exportações para a China e excelente desempenho das operações da América do Norte.

No setor de varejo, a Lojas Renner obteve sucesso em ação na Justiça Federal sobre a exclusão do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) da base de cálculo do PIS e da Cofins. A ação transitou em julgado, ou seja, não é mais passível de recursos. Com isso, a Renner tem direito a reaver R$ 1,357 bilhão.

O valor é referente a pagamentos feitos pela varejista entre novembro de 2001 e fevereiro de 2017, acrescidos de correção. A partir de março de 2017, os valores já têm efeito reconhecido nos balanços da Renner.

Já a Via Varejo, dona das marcas Casas Bahia e Ponto Frio, obteve decisão judicial favorável sobre crédito fiscal. Nesta segunda-feira, 18, houve certificação do trânsito em julgado da decisão proferida nos autos do mandado de segurança/processo (nº 0015194-90.2008.4.02.5101), no Tribunal Regional Federal da 2ª Região, movido pela empresa contra a Receita Federal para reconhecimento dos créditos fiscais decorrentes da exclusão do ICMS da base de cálculo do PIS e Cofins.

Dessa forma, a empresa teve reconhecido o seu direito de reaver os valores no montante de R$ 374 milhões, devidamente corrigidos, referente às competências de julho de 2010 a dezembro de 2014. Em fato relevante, a companhia ressalta que, para aproveitamento do crédito, falta habilitação via procedimento administrativo perante à Receita Federal.

Bancos

Investidores também acompanham as notícias sobre proposta dos bancos a respeito de novas medidas para auxiliar famílias e empresas a atravessarem a crise gerada pelo novo coronavírus, com objetivo de tentar barrar a ‘pauta bomba’ contra o setor no Congresso. A lista de sugestões consta de uma carta enviada pela Federação Brasileira de Bancos (Febraban) aos presidentes da Câmara, Rodrigo Maia, e do Senado, Davi Alcolumbre, e obtida pelo Broadcast. A entidade afirmou que não ofereceu um novo pacote, e que apenas fez ponderações aos chefes das Casas legislativas.

No texto enviado a Maia e Alcolumbre, a Febraban admitiu que novas medidas de alívio financeiro são necessárias em meio à crise, e propõe ações relacionadas às linhas de cheque especial e cartão de crédito, que estão entre as mais caras do sistema financeiro e são alvo de projetos no Congresso, e ainda o consignado (com desconto em folha).