Maio vai chegando ao fim junto com um noticiário ainda intenso no Brasil e exterior. Internamente, a temporada de balanços tem mais uma rodada importante, enquanto investidores observam com cautela o debate entre o Executivo e o Supremo Tribunal Federal (STF) após a operação de ontem, ordenada pelo ministro Alexandre de Moraes, no âmbito do inquérito das fake news, que atingiu nomes próximos ao Planalto. Lá fora, o mercado analisa reaberturas de economias nos Estados Unidos e na Europa.
Na Bolsa, as ações de varejo recebem atenção em mais um pregão. Hoje, deve repercutir nas mesas o balanço da C&A, que reverteu o lucro obtido no primeiro trimestre de 2019 e registrou prejuízo de R$ 55,4 milhões no mesmo período deste ano. O Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) recuou 89,4%, para R$ 78,2 milhões. Na comparação anual, a receita líquida da varejista caiu 6,1% no intervalo, para R$ 976,9 milhões.
A empresa afirmou que até o fechamento das lojas físicas por conta da pandemia de Covid-19, na segunda quinzena de março, as vendas em mesmas lojas (abertas há mais de 12 meses) cresciam 7,3%, alta que se reverteu em queda de 9,7% no trimestre. A margem Ebitda caiu 62,9 pontos porcentuais.
Os resultados da C&A nos trouxeram algumas surpresas positivas, como uma expansão da margem bruta e um Ebitda ainda no campo positivo, frutos de uma receita adicional não recorrente da ordem de R$20 milhões. Entretanto, como nas demais varejistas, o fechamento de lojas impactou negativamente o desempenho de vendas o que justifica o prejuízo no período.
Arezzo, por sua vez, teve lucro líquido de R$ 25,88 milhões no primeiro trimestre, alta de 11,9% na comparação anual. O Ebitda somou R$ 64,29 milhões, alta de 17,8% na comparação anual. A receita líquida teve ligeira queda de 0,4%, para R$ 375,47 milhões.
Para enfrentar o período de pandemia, que também a obrigou a fechar lojas, a Arezzo reduziu estoques nas unidades e coleções como as de dia das Mães e dos Namorados, e captou R$ 450 milhões em dívida. Houve ainda reduções de custos e despesas operacionais, o que inclui um corte de 30% nos salários da cúpula da companhia.
Do lado dos shoppings, as notícias de reabertura de empreendimentos estão no radar dos investidores. A Aliansce Sonae, por exemplo, informou ontem que quatro de seus centros de compras foram reabertos após a quarentena decretada para conter a disseminação do coronavírus.
Em São Paulo, com a flexibilização anunciada ontem pelo governador João Doria, a Associação Brasileira de Shopping Centers (Abrasce) estima que 120 estabelecimentos podem ser reabertos no Estado a partir de 1º de junho, 54 deles na capital paulista. O Estado conta com 182 shoppings, um terço do mercado brasileiro.
Dentre as blue chips, pode repercutir nesta manhã a precificação de uma nova emissão de títulos da Petrobras no exterior. O valor é de US$ 3,25 bilhões. Foi a primeira emissão feita por uma empresa brasileira após a pandemia, abrindo caminho para outras companhias buscarem recursos por meio desse instrumento. Com taxas de juros ainda baixas mundo afora, a necessidade de alocar recursos mantém o apetite por títulos de nomes de peso.
A demanda pelos bonds da estatal foi de mais de US$ 15 bilhões, cinco vezes maior que a oferta, de acordo com fontes da Agência Estado. O sucesso da emissão deve adiar a captação de R$ 3 bilhões em debêntures incentivadas que a empresa vinha tocando com um grupo de bancos.