As bolsas mundo afora operam em terreno negativo nesta sexta e colocam limites ao mercado brasileiro. Apesar da temporada de balanços contribuir para o fluxo na B3, o clima de cautela no cenário internacional levou o Ibovespa de volta aos 101 mil pontos nesta manhã. Em contrapartida, o Real continua valorizado em relação ao dólar. O dólar à vista passou a cair e teve mínima R$ 5,3603, reagindo a ingresso de fluxo comercial e à queda do dólar ante o peso mexicano, que é forte par do Real entre divisas emergentes e ligadas a commodities.
Dentro da temporada de balanços, nomes importantes como Oi, B3, Suzano, JBS, Sabesp, Lojas Americanas e B2W e Natura &Co dão ritmo ao mercado acionário local. A Oi, porém, deve ficar sob o foco do mercado não apenas pelos resultados trimestrais, mas também pelas alterações que propôs ao aditamento a seu plano de recuperação judicial.
A Natura & Co comunicou um prejuízo de R$ 392,1 milhões no segundo trimestre, revertendo o lucro de 54,3 milhões do segundo trimestre de 2019. Segundo a empresa, o indicador foi impactado, principalmente, pelo Ebitda 25,4% menor em relação ao mesmo período do ano passado, de R$ 651,9 milhões. No trimestre que foi definido pelo CEO da empresa, Roberto Marques, como “o mais desafiador para o grupo, mas também o mais ativo”, outros dados chamam atenção.
A receita líquida consolidada foi de R$ 7,0 bilhões, queda de 12,7% na comparação anual. A marca Natura, porém, viu sua receita subir 7,9% no Brasil, com queda nas vendas em abril, mas altas acima de 20% em maio e junho, os três em comparação anual.
Na visão do nosso time, apesar do trimestre bastante desafiador, a Natura & Co obteve ganhos de market share em função da agilidade e foco na estratégia digital em todas as marcas, compensando de forma significativa o impacto do ataque cibernético à Avon em junho (vendas não faturadas da ordem de R$400 milhões) e o fechamento de lojas em diversos países.
Atenção também para os números de Lojas Americanas e B2W. Enquanto a varejista de lojas físicas reverteu o lucro de um ano antes em prejuízo de R$ 7,1 milhões, sua controlada digital reduziu as perdas em 41,5%, para R$ 74,6 milhões. Nos dois casos, a pandemia levou a crescimento no número de clientes, mas a Americanas observou uma piora de 19,5% nas despesas financeiras que ajuda a explicar a linha final do balanço.
Na operação de lojas físicas, o Ebitda ajustado caiu 10,8%. Já na B2W, houve alta de 67,6% no mesmo indicador, também em comparação anual. A receita líquida de vendas e serviços da Americanas cresceu 5,9%, para R$ 4,672 bilhões. Na B2W, a alta foi de 64,7%, para R$ 2,433 bilhões. Neste último caso, inclusive, o valor bruto de mercadoria (GMV, na sigla em inglês) cresceu 72,2%, chegando a R$ 6,7 bilhões.
Os números da B2W em especial confirmam as expectativas criadas pelo balanço da Via Varejo, que ontem “puxou” não apenas a ação da dona de Casas Bahia e Pontofrio, mas também os papéis das rivais.
Entre as empresas de Educação, o destaque fica por conta da Ânima. A companhia registrou lucro líquido de R$ 9 milhões no segundo trimestre de 2020, ante prejuízo de R$ 16,9 milhões do mesmo período do ano passado, considerando o efeito do ajuste contábil IFRS-16.
Em nossa opinião, a crença nos diferenciais qualitativos e no movimento na direção da integração do modelo híbrido da Ânima tiveram seus benefícios acelerados pelos efeitos da Covid-19.