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Termômetro do Mercado: Balanços do 1T20 e briga entre China e EUA estão nas mesas hoje

A semana chega ao fim com mais uma rodada forte de balanços corporativos, com destaque para Petrobras, Suzano, JBS, CSN e B3. Apesar do fluxo de informações das empresas, os investidores podem ficar mais cautelosos enquanto acompanham o noticiário internacional. Lá fora, nem mesmo indicativos de retomada da atividade chinesa, país do qual o Brasil é grande parceiro comercial, podem minimizar sinais de novas tensões comerciais entre China e Estados Unidos. Além disso, um terremoto de magnitude 6,4, em Nevada (EUA), hoje, com impacto no leste da Califórnia, contribui para o mau humor dos investidores, sem contar os números fracos do varejo.

A relação comercial dos dois gigantes tem reflexo também no mercado de câmbio. Com a piora externa no radar e cautela sobre o cenário político e fiscal interno, a moeda americana chegou a operar em alta no início do dia. Há pouco, porém, o dólar futuro com vencimento em junho registrava queda de -0,81% sobre o Real, cotado a R$ 5,7722.

De volta ao mercado de Bolsa, a volatilidade ainda marca presença nas mesas de operação, embora a repercussão dos resultados do primeiro trimestre de 2020 seja relevante neste início de dia. A Petrobras, que tem importante peso no Ibovespa, informou na noite passada um prejuízo líquido atribuído aos acionistas de R$ 48,523 bilhões nos três primeiros meses do ano, ante lucro líquido de R$ 4,031 bilhões no mesmo período de 2019.

O resultado foi fruto de uma baixa de R$ 65,3 bilhões no valor dos ativos da companhia, devido, principalmente à queda dos preços do petróleo do tipo Brent e a novos níveis de câmbio. Antes, a estatal considerava que o preço médio do barril desse tipo de petróleo, que é a referência utilizada pela companhia, ficaria em US$ 65 a longo prazo. Agora, a Petrobras assume que o valor será de US$ 50 por barril. Em seu Planejamento Estratégico, a petrolífera vê o barril da commodity negociado a US$ 25 neste ano e a US$ 30 no próximo. Adicionalmente, a empresa pondera que haverá uma mudança “estrutural” na economia mundial após a crise que virá na esteira da pandemia da Covid-19.

A Suzano também foi impactada por um efeito não caixa, mas desta vez, relacionado ao dólar. O prejuízo líquido da fabricante de celulose foi de R$ 13,419 bilhões no trimestre, ante prejuízo de R$ 1,175 bilhão no mesmo período de 2019. Linhas como a de variações monetárias e cambiais, que registraram prejuízo de R$ 12,420 bilhões, foram fortemente impactadas pelo salto da moeda americana no trimestre. Com operações de proteção cambial, a perda da Suzano foi de R$ 9,059 bilhões, com a marcação a mercado dos valores.

Partindo para outras linhas do resultado, entretanto, o Ebitda subiu 10% na comparação anual, para R$ 3,026 bilhões, e a receita líquida se expandiu 22%, para R$ 6,981 bilhões. O preço médio líquido de celulose, de US$ 469 a tonelada, caiu 34% ante o quarto trimestre. Em reais, o preço líquido médio foi a R$ 2.060 a tonelada, alta de 7% em um trimestre, e queda de 23% em um ano. Atuaram como vetores contrários a depreciação do Real e a queda dos preços nominais em dólar.

Ainda no setor de commodities, porém mais voltada ao consumo interno, efeitos cambiais não caixa também levaram a um prejuízo na JBS, que fechou o trimestre com a última linha do balanço negativa em R$ 5,933 bilhões, ante lucro líquido de R$ 1,092 bilhão visto um ano antes. Neste caso, o efeito da variação cambial foi negativo em R$ 8,2 bilhões. Sem ele, o lucro teria sido de R$ 803,2 milhões.

No setor financeiro, a B3 teve lucro líquido de R$ 1,025 bilhão no primeiro trimestre, alta de 69,2% em um ano e de 39,8% em três meses. O crescimento veio com os elevados volumes de transações no mercado marcado pela extrema volatilidade trazida pela pandemia da Covid-19. O volume financeiro médio diário negociado no mercado à vista de ações de janeiro a março, por exemplo, cresceu 72% ante o visto um ano antes. Vale lembrar que, no período, uma série de circuit breakers e eventos internacionais trouxeram turbulência ao mercado. A receita total da B3 somou R$ 1,125 bilhão, crescimento de 38,7% em relação ao visto um ano antes.