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Termômetro do Mercado: Balanços 2T20 e bolsas de NY embalam abertura

A temporada de balanços do segundo trimestre movimenta o mercado acionário local, que também reage às notícias vindas de Brasília e ao ritmo positivo da abertura das bolsas de Nova York. Lá fora, os investidores estão animados com a decisão do governo americano de comprar milhões de doses de uma possível vacina para a Covid-19, desta vez com a Moderna. Há expectativa também para a possível retomada de negociações entre republicanos e democratas no Congresso sobre um novo pacote fiscal em reação à crise do coronavírus.

Na B3, o destaque no setor de tecnologia hoje é a Sinqia. A fornecedora de softwares e serviços para instituições financeiras registrou lucro líquido de R$ 580 mil no segundo trimestre, revertendo um prejuízo de R$ 3,6 milhões em igual período do ano passado.

A companhia teve receita líquida de R$ 49,6 milhões, que representa um crescimento de 17,5% sobre o segundo trimestre de 2019, e lucro antes de juros, impostos depreciação e amortização (Ebitda, na sigla em inglês) de R$ 7,3 milhões, alta de 120%.

O Ebitda ajustado foi de R$ 7,4 milhões, 44,8% superior ao alcançado no segundo trimestre do ano anterior, com margem Ebitda ajustada de 14,9%, crescimento de 2,8 pontos percentuais. O diretor Financeiro e de Relações com Investidores da companhia, Thiago Rocha, deu detalhes dos números em uma live exclusiva Pré-Conferência de Resultados do 2T20 nesta manhã. Confira a gravação.

Em nossa opinião, a Sinqia reportou fortes resultados com destaque principalmente para o crescimento orgânico de 15,1% a/a da receita e o recorde de Ebitda que alcançou R$ 7,4 milhões, uma evolução de 44,8% a/a. Gostamos bastante destes resultados e acreditamos que eles sinalizam a resiliência e capacidade de execução da companhia mesmo diante de um cenário de incertezas, como o atual.

Dentre as companhias ligadas ao mercado interno, a varejista de produtos farmacêuticos Raia Drogasil apresentou queda de 60,2% no lucro líquido no comparativo anual, para R$ 60,21 milhões. Já o Ebitda recuou 34,3% na mesma base de comparação, para R$ 229,57 milhões.

Com a pandemia, houve queda também nas vendas de combustíveis, levando a BR Distribuidora a registrar retração de 37,7% no lucro líquido no segundo trimestre na comparação com o mesmo período do ano passado, chegando a R$ 188 milhões. A queda é menor (de -19,7%) em relação ao primeiro trimestre de 2020. No relatório que acompanha os resultados, a companhia informa que medidas adotadas desde o início da crise ajudaram a preservar o caixa e a reforçar a liquidez.  

Em nossa visão, o fato da BR Distribuidora deixar de ser estatal e as iniciativas que a companhia tomou para cortar custos e melhorar sua estratégia de precificação deverão gerar ganhos de eficiência nos próximos anos (segundo o CEO da companhia, o objetivo é chegar a um Ebitda próximo de R$85/m³, semelhante a seus concorrentes). Além disso, acreditamos que o volume de vendas deve retomar gradualmente à medida que a economia brasileira voltar a reabrir.

No câmbio, o dólar ensaia uma recuperação ante outras moedas fortes, mas não tem o mesmo vigor sobre divisas emergentes pares do Real, o que pode trazer volatilidade aos negócios. Hoje, o mercado local de câmbio pode ficar apreensivo, apesar dos sinais de uma ação conjunta do Ministério da Economia e a Câmara dos Deputados para tentar garantir o cumprimento do teto de gastos do Governo Federal.

Porém, a saída de mais dois integrantes da equipe econômica ? os secretários especiais Salim Mattar (Desestatização e Privatização) e Paulo Uebel (Desburocratização, Gestão e Governo Digital) ? também provoca reações dos investidores, com reflexo sobre as moedas. De acordo com reportagem do Broadcast, dentre os integrantes da equipe de Paulo Guedes, os dois eram os que mais tinham a marca da agenda liberal que o ministro prometeu implementar na economia no início do governo.

Os secretários pediram demissão após um ano e meio de dificuldades para implementar as medidas para quais foram convidados a integrar o Governo Bolsonaro: as privatizações e a reforma administrativa, duas das quatro principais agendas de Guedes, além das reformas da Previdência e tributária.

Na agenda econômica, chama a atenção o levantamento de vendas do comércio varejista, com alta de 8,0% em junho ante maio, na série com ajuste sazonal, informou há pouco o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O resultado veio bem acima da mediana calculada pelo Projeções Broadcast, que era positiva em 4,90%, e dentro do intervalo que ia de uma alta de 0,87% a 19,80%. Em relação à junho de 2019, sem ajuste sazonal, as vendas do varejo tiveram alta de 0,5% em junho de 2020.