Com uma agenda econômica fraca, o mercado nacional deve mesmo concentrar as atenções para os acontecimentos vindos de Brasília. E fatos não faltam para prestar atenção. Sem considerar aqueles inesperados, cada vez mais comuns no Brasil de hoje, temos como certo a expectativa de como será a semana pós 7 de setembro, encerrada com uma carta à nação do presidente Jair Bolsonaro justificando que as falas mais agressivas que proferiu nas manifestações vieram pelo calor do momento. Como o mercado interpreta esse posicionamento do presidente? É o que vamos ver nesta semana.
Mesmo porque, as manifestações feitas ontem em várias capitais, unindo diversos partidos políticos, não engrenaram. Portanto, não devem ter grande repercussão ou impacto nos próximos dias.
Assuntos mais quentes devem ganhar as manchetes. Em evento realizado pelo banco Credit Suisse, o ministro da Economia, Paulo Guedes, afirmou que hoje conversará com o Supremo Tribunal Federal e com os presidentes da Câmara dos Deputados e do Senado para resolver o problema dos precatórios.
Sobre a inflação, disse que estamos no pior momento, mas que ela irá desacelerar e deve fechar o ano entre 7,5% e 8%.
Agora pela manhã, foi divulgado o Boletim Focus em que o IPCA sobe pela 23ª vez seguida neste ano, chegando a 8%. No levantamento anterior, a estimativa era de 7,58%.
Diante da pressão inflacionária a projeção da juros também foi elevada, fechando 2021 com 8% ao ano.
O Banco Central volta a se reunir nos dias 21 e 22 de setembro para debater a taxa de juros, momento em que ela deve ser elevada para, no mínimo, 6,25%. Hoje está em 5,25%.
Na estimativa do Boletim Focus o PIB caiu para 5,04% neste ano. No relatório anterior estava em 5,15%.
Mercado global
No campo internacional, os principais mercados trabalham no positivo.
Nos Estados Unidos a semana é de espera para a próxima reunião do Fed, que será realizada nos dias 21 e 22 de setembro. Até lá, o que pode movimentar o mercado é o índice de preços ao consumidor que será divulgado amanhã. A expectativa dos economistas é de alta de 5,3% na comparação anual em agosto.
Hoje, os índices futuros americanos trabalham no campo positivo, revertendo um pouco as perdas que os principais índices sofreram na sexta. Dow Jones fechou em baixa de 2,15%, enquanto S&P500 negativou em 1,69%.
Na Europa o movimento também é de alta do índice Stoxx 600, com destaque para o setor de petróleo e gás e negativo para o varejo.
O bloco também vive a ansiedade da redução do ritmo de compra de títulos pelo Banco Central, em resposta à inflação ascendente e ao ritmo mais forte de crescimento do PIB.
Já na Ásia, as bolsas fecharam com comportamento variado nesta segunda-feira, 13. A pressão regulatória que Pequim exerce sobre as empresas de tecnologia puxou as ações dessas empresas para baixo. Além disso, dados oficiais da China mostraram que os empréstimos bancários subiram menos do que o esperado durante o mês passado.
Eletrobras
Deve ser publicado hoje, no Diário Oficial da União, o decreto editado pelo presidente Jair Bolsonaro para a criação da Empresa Brasileira de Participações em Energia Nuclear e Binacional, ENBpar, que será responsável por assumir a Eletronuclear e Itaipu Binacional.
A criação da ENBPar, uma sociedade anônima vinculada ao Ministério de Minas e Energias, viabiliza a privatização da Eletrobras e já estava prevista na Medida Provisória aprovada pelo Congresso.
Ela é necessária porque o Tratado de Itaipu não permite mudanças sem aprovação do Paraguai, que detém metade da Usina, enquanto a exploração nuclear é atividade exclusiva da União, conforme determina a Constituição.
A privatização da Eletrobras está prevista para acontecer em fevereiro de 2022.
Debêntures
A Via emitirá R$ 1 bilhão em debêntures com prazos de três, cinco e sete anos, segundo comunicado enviado pela companhia à Comissão de Valores Mobiliários (CVM).
Os recursos serão utilizados para o alongamento do perfil da dívida e reforço de caixa no âmbito da gestão ordinária dos negócios da empresa.
B3
Em agosto, a B3 registrou um volume financeiro médio diário de R$ 34.031 bilhões. Alta de 8,4% em relação ao mesmo mês de 2020. Se comparado com julho, o avanço foi 17,3%.
Os maiores volumes vieram do mercado à vista de ações, com R$ 32.994 bilhões na média diária. Alta anual de 7,8% e mensal de 17,7%.
O número de investidores também cresceu, alcançando 3.294 milhões.
ETFs
O mercado global de ETFs encerrou o mês de agosto com US$ 9,486 trilhões investidos. O montante é 22,62% maior que o observado no fim de 2020 e 2,94% acima de julho.
Tesouro Direto
A partir de hoje, o investidor de Tesouro Direto que solicitar resgate do investimento até as 13 horas, receberá o dinheiro no mesmo dia. Antes o prazo era de um dia útil após a solicitação, condição que permanece caso a solicitação de resgate seja feita após as 13 horas.
As solicitações de resgate feitas após às 18 horas, que antes eram atendidas em dois dias úteis, passam a ser efetivadas em um dia útil.
Banco Central
A partir de hoje o Banco Central passa a receber depósitos voluntários remunerados das instituições financeiras credenciadas a operar como dealers com o Departamento de Operações do Mercado Aberto.
Essa ferramenta ajuda a autoridade monetária a administrar a liquidez no sistema bancário, assegurando que a taxa básica de juros fique próxima ao patamar definido pelo Comitê de Política Monetária.
A remuneração será definida pelo BC, expressa sob forma anual considerando-se 252 dias úteis.
Bluefit
Começa hoje o período de reserva para a compra de ações da Bluefit, que estreia na bolsa em 28 de setembro, com o código BFFT3. O prazo vai até 23 de setembro. A oferta pública será primária e secundária.
A rede de academias conta hoje com 102 unidades em operação, sendo 61 próprias e 41 franquias, e cerca de 200 mil clientes ativos. No primeiro semestre deste ano registrou receita líquida de R$ 43.2 milhões, 64,9% maior que o primeiro semestre de 2020. Já o prejuízo líquido foi de R$ 15 milhões, 15,6% menor.
CSN
Após comprar o grupo Holcim, por US$ 1,03 bilhão, a CSN Cimentos volta a planejar o relançamento da abertura de capital da empresa na B3 em meados de outubro e fechamento da operação antes do fim do ano.
A aquisição fez com que, segundo executivos da empresa, a CSN ganhasse novo patamar de escala produtiva, além de sinergias comerciais, de logística e posicionamento de mercado, o que torna mais provável a realização do IPO.
Em julho a companhia suspendeu seu IPO alegando situações desfavoráveis de mercado.
Agora, tem o objetivo de captar entre R$ 2.5 e R$ 3 bilhões para sustentar o seu plano de expansão.