Diante de um cenário macroeconômico desafiador para o consumo, o Carrefour reportou um resultado misto. No lado positivo, enxergamos o desempenho do Banco Carrefour, o avanço na margem bruta e a manutenção da margem Ebitda em um patamar saudável. No lado negativo, vimos a retração do resultado líquido no período e das vendas das mesmas lojas (LFL) do Atacadão e varejo não alimentar. A receita líquida atingiu R$ 20.661 milhões, com um crescimento de 4% A/A, entretanto 5,3% abaixo do consenso de mercado. A evolução de receita no trimestre é resultado do bom desempenho do Atacadão, que apresentou um crescimento de 6,6% A/A de vendas brutas, refletindo principalmente a sua expansão no número de lojas, apesar de uma queda de LFL de 5% devido ao menor poder de compra dos consumidores. Com relação à operação de varejo, novamente o segmento não alimentar apresentou pressão devido a um ambiente de consumo ainda adverso, com uma queda de 23% em vendas brutas. Em contrapartida, a categoria de itens alimentares mostrou sua resiliência e manteve-se estável na comparação anual (+1,5% a/a), apresentando um nível recorde de penetração de marcas próprias, que atingiu 19,4% das vendas líquidas totais de alimentos. O Banco Carrefour atingiu R$ 13 bilhões de faturamento (+14,6% A/A) no 4T21, impulsionado tanto pelo crescimento dos cartões de crédito Carrefour e Atacadão quanto pelo canal off-us, que continuou sua forte tendência de crescimento (20,4% vs. 4T20), destacando o seu alcance fora do ecossistema do Carrefour. No consolidado, como resultado do desempenho do Atacadão e do Banco Carrefour, o lucro bruto totalizou R$ 4,3 bilhões (8,2% A/A vs. + 5,1% consenso), com uma margem 20,6%, aumentando 0,8 p.p. a/a devido principalmente às compras oportunísticas do Atacadão em um ambiente inflacionário desafiador. O Ebitda ajustado, por sua vez, ficou estável e totalizou R$ 1,8 bilhão (+ 1,4% A/A), com uma ligeira pressão de 0,2 p.p. na margem devido aos impactos negativos do segmento não alimentar. O lucro líquido totalizou R$ 766 milhões (-13,6% na comparação anual vs. 3,4% acima do consenso de mercado), refletindo o aumento de despesas financeiras no período devido ao maior nível de endividamento e taxas de juros. Por fim, a companhia também divulgou uma atualização de previsão de sinergias esperadas com a compra do Grupo Big. O Ebitda adicional inicialmente estimado era de R$ 1,7 bilhão e passou para no mínimo R$ 2 bilhões até 2025, com maior parte vindo de sinergias de compras, despesas operacionais e produtividade das lojas.