O resultado do Bradesco (BBDC4) segue desapontando. Os números apresentados foram piores do que as nossas já pessimistas estimativas, com lucro líquido de R$ 1,5 bi, ou 47% abaixo da nossa projeção, e ROE de 3,9%, que seria 10,5% sem o efeito Americanas. Assim como o Itaú, o Bradesco provisionou 100% da exposição à Americanas, ou R$ 4,8 bilhões. Com isso, a despesa de provisões saltou 105% em comparação com os três meses anteriores, chegando a R$ 14,9 bilhões e, mesmo desconsiderando o efeito Americanas, a despesa de PDD teria sido de R$ 10 bilhões, o maior patamar da história em um único trimestre e dois terços de tudo que foi provisionado em 2021. O custo do crédito, medido pela despesa de provisões dividido pela média da carteira de crédito no trimestre, excluindo Americanas e os dois trimestres de pandemia mais aguda, foi o maior desde o terceiro trimestre de 2017, chegando a 4,5%, ou 6,7% considerando Americanas. Os problemas do Bradesco vão muito além do impacto da Americanas. O índice de inadimplência de pessoas físicas continua em forte tendência de alta e chegou a 5,5%, maior patamar desde o quarto trimestre de 2016, quando o Brasil vivia a pior recessão de sua história, excluindo períodos de guerra e pandemia. Ainda, com a mudança de perspectiva em relação à Selic, de que permanecerá em um patamar elevado por um prazo maior do que o inicialmente esperado, estamos vendo diversas companhias contratando consultorias para reperfilar e renegociar suas dívidas. Atualmente o índice de atrasos de grandes empresas está em 0,1%, um patamar historicamente baixo e que sofrerá uma pressão adicional ao longo de 2023. Diante do exposto, incorporamos o guidance de 2023 em nosso modelo, chegando ao novo preço-alvo para R$ 13,00 para o final de 2023. Portanto, diante das dificuldades enfrentadas pelo Bradesco e da sinalização de que dias piores ainda estão por vir, mudamos a recomendação para venda.