O Banco do Brasil (BBAS3) apresentou mais um forte e surpreendente resultado no quarto trimestre de 2022, com ROE ajustado de 22,7%, o maior dentre os grandes bancos. Mesmo provisionando 50% de sua exposição à Americanas, o lucro de R$ 9 bilhões no trimestre ficou 8,7% acima de nossas estimativas e 9,2% acima do consenso de mercado. Os destaques positivos do resultado foram: i) a margem financeira segue em forte evolução, com alta de 44,9% em comparação ao mesmo período de 2021, impulsionada pelo bom resultado de tesouraria; ii) os custos tiveram forte controle, com as despesas administrativas crescendo 6,1%, um ritmo muito menor que as receitas, o que levou o índice de eficiência ao menor patamar da história do Banco do Brasil, 29,4%; (iii) continuidade do controle da inadimplência, com elevação de 0,17 p.p.. Por outro lado, a despesa com provisões para crédito de liquidação duvidosa saltou 44,7% em comparação com os três meses anteriores, com o provisionamento de 50% referente à Americanas, e foi parcialmente compensado pelo crescimento de 17,9% na linha de recuperação de crédito. Em 2022, o Banco do Brasil entregou as principais linhas de receita no topo de suas expectativas, com crescimento de margem financeira bruta acima da faixa estimada, enquanto as despesas administrativas permanecem controladas, mesmo com impacto da provisão de Americanas na PDD. Para 2023 o guidance é ainda mais otimista em nossa visão. O BB estima um crescimento de lucro entre 3% e 16%, impulsionado pelo forte crescimento de crédito, principalmente Agro, e margem financeira. Incorporando o novo guidance em nosso modelo, revisamos o preço para R$ 65,00 e alteramos a recomendação para compra. Mesmo com uma penalização de 3 p.p. na taxa de desconto em função de uma possível interferência do controlador, que está vocal em utilizar o Banco do Brasil em políticas públicas, ainda assim, encontramos upside de 60% para a ação, o que reforça nossa recomendação de compra.