O Grupo Soma (SOMA3) apresentou resultados mistos em nossa visão, com crescimento resiliente de vendas, mas com a rentabilidade impactada por ventos contrários. Os principais destaques de crescimento de receita no trimestre foram as marcas Farm Global (+20,1% na comparação anual), Animale (+17,8%), Farm (+7,4%), NV (+14,1%) e Cris Barros (+44,0%). Já a Hering apresentou crescimento de 3,4%. Na visão consolidada por canais, o digital continuou sendo destaque, apresentando expansão de 22,2% ante o segundo trimestre de 2022. Com isso, a receita líquida totalizou R$ 1,3 bilhão (+7,4% e em linha com nossas expectativas). Já o lucro bruto totalizou R$ 744,2 milhões (+4,1%), com margem bruta de 57,5% (-1,8 p.p.). A margem bruta foi impactada principalmente devido à operação ex-Hering, retraindo 4,2 p.p., consequência da redução no volume de vendas a preço integral durante o segundo trimestre de 2023 (além de uma base de comparação forte), do aumento significativo no nível de descontos comerciais e da disponibilidade de estoque após um período de temperaturas mais altas do que o previsto e uma liquidação agressiva em junho. Além disso, houve uma mudança no mix de canais de venda, em que o canal digital aumentou sua participação na receita total em comparação com as lojas físicas, resultando em pressão sobre as margens. Essa mudança também teve impactos nas linhas de impostos sobre as vendas, devido à reintrodução do Difal. O destaque positivo foi a expansão da margem bruta de Hering (+1,0 p.p.), refletindo: (i) ganhos de eficiência na indústria; (ii) melhores negociações na compra de algodão; (iii) aumento da produtividade da mão de obra; (iv) melhora na distribuição da produção e (v) aumento de vendas a preço cheio no digital e nas lojas próprias. No operacional, o Ebitda ajustado foi de R$ 215,4 milhões (+2,4% na comparação anual e -2,5% na comparação com nossas projeções), com margem Ebitda de 16,6% (-0,9 p.p. na comparação anual e -0,4 p.p. na comparação com nossas estimativas). O impacto de rentabilidade na linha é explicado pela redução na margem bruta, mas parcialmente compensado por uma maior diluição de despesas. Já no bottom line, a companhia apresentou lucro líquido de ajustado de R$ 102,1 milhões (-21,9% na comparação anual e +3,1% na comparação com nossas estimativas), pressionado por um maior volume de depreciação, consequência de maiores investimentos realizados nos últimos anos, além das despesas financeiras mais elevadas com o aumento da taxa Selic. Apesar do momento mais desafiador para o varejo, continuamos a ver a companhia entregando um crescimento resiliente, além de bons sinais na reestruturação da operação da Hering, que já vem apresentando ganhos de rentabilidade. Com uma expectativa de melhora gradual no cenário e o sólido track-record do Grupo Soma, mantemos nossa recomendação de compra.